sexta-feira, maio 22

Dias Desertos


Haverá além destes dias desertos algum oásis onde se possa rir?
Um riso sóbrio, além dos lamentos e do desespero dessa solidão
Não essa risada desconcertada movida pela loucura, não alegria
Dessa terça-feira o verso foi levado pelo entusiasmo dos ventos
Deixando saudade da vida normal camuflada em nosso caminho

Renasceremos entre lágrimas infinitas destes tempos sem lógica
Calaremos sorrisos, pintando na face o pessimismo do noticiário
Entre as cinzas os espelhos refletirão riachos com águas claras
Neste oceano de desilusões tento acalentar uma esperança nua
Bem sei na verdade, dentro das pessoas só resta espaço para si

Vivemos dias que o individual prevalece no interior de cada um
Nos quais é mais fácil dar o que se compre invés do que se tem
Dentro do peito, do carinho que foi fruto de um longo cultivo
Que o amor sobrevoa maus dias em suas alegorias e seus brilhos
Parecendo não haver onde pousar, esperando um manto divinal

Mas percebo que resto solitário em um canto perdido qualquer
Onde não olham para mim, mesmo que se olhe na minha direção
Será que sou igual, que escondo-me como quem veste fantasia
Num carnaval que não se pode seguir o desfile ou sequer cantar
E se deve dançar como a música em desafino dessa orquestra vil

Espero que ao final só o amor triunfe entre abraços renovados
E se estenda sobre nós resgatando nossos corações tão sofridos

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