Soergo meus olhos a
buscar outros olhos com certa angústia
É outro ano vencido
nesta caminhada nestes dias incontidos
Mais uma vez
quedo-me face a face diante de meus temores
Tanto mais nesta reclusão voluntária que a cautela me exige
Tanto mais nesta reclusão voluntária que a cautela me exige
Então devo
confessar que bebi dos cálices do conhecimento
Até habituei com a embriaguez
que todo o conhecer resulta
Descobri que esse
meu silêncio, até se parece com a tristeza
Mas é a flor da imaginação
que me sustenta nos seus braços
Descortinei na
árdua busca de mim, o peso de aceitar-se a si
Em geral, encoberto
entre as brumas obscuras da ignorância
Encontrei além de
mim, outro olhar para somar nessa viagem
E com esse alguém
violar os limites, romper todos horizontes
Esperança e
liberdade cabem na vereda de um futuro a dois
Sei que quero a vida, mas martela na mente a dura realidade
Que nutre a sensação que viver é tão frágil e o tempo curto
Nem sei quão curto,
mas sei que não farei fácil para a morte
Se a vida fosse como dormir, seria só alterar de lado se
doer
Não é simples viver
sem sonhar e aí a poesia se faz imperiosa
Que nos versos permite
romper as barreiras da mediocridade
Assim estendo
minhas asas ao primeiro brilho de cada manhã
Esparzo a poeira da
noite sem lamentos nos olhos ou na alma
Chego sóbrio a esta
reflexão existencial aos sessenta e cinco
Tal qual o faço desde
que fui renascido, há cinco anos atrás
Eu não tenho saudade do que um dia fui, sei que
envelheço
O que faço feliz, sem me entregar e sem resistir, reinventado
Escrito para este 18 de maio tão diferente num 2020 que não será esquecido.
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