sexta-feira, fevereiro 12

O dia em que morri

 Em meio ao silêncio, eu ouvia os passos da enfermeira no corredor

Havia o som distante de uma conversa, quando os passos se foram

Noite alta, no meu quarto lá estava ela vestida de negro a me fitar

Não fosse a enviada da morte, diria que seu rosto era quase sereno

Ninguém ao redor, um mesmo nó na garganta que impedia de gritar

Antes me impedira de respirar e meu coração parou, então ela veio

Com suas longas unhas, seu sorriso de enigma, ela seguia a me fitar

Sempre soube que ela viria me buscar, mas não tão cedo, não agora

Na minha mente se passava um turbilhão de imagens preto e branco

Era a minha história passada como um filme que eu não podia parar

E ouvia todas as vozes do passado, os conselhos que nunca escutei

Ela ficou a me fitar, impassível, comecei a caminhar na sua direção

Todas as imagens que surgem dentro de mim estão tingidas de cinza

Minha alma e mais ninguém sabe ao certo o que de fato me conduz

Eu sabia o tempo todo que viria o dia que as sombras iam me rodear

Todo inferno que eu vi ainda me limita, toda dor ainda me completa

Um mundo passou por mim esse tempo e eu assistia do lado de fora

Mas, a luz de uma pequena estrela brilhou no fundo do meu coração

Assim, ela desviou o olhar e eu vi dentro de mim meu verdadeiro eu

E de alguma forma decidi claramente por deixar o passado para trás

E eu aceitei a nova vida e agora eu vejo no que me tornei de melhor

Toda raiva se foi, toda angústia. Enfim despertei para o que é viver

 

Nenhuma mágoa, nenhum ato sem perdão, nenhuma discórdia vale a pena nesta vida. A morte não vem antes da hora, você saberá quando.

 

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