quinta-feira, janeiro 6

Um Dia Desses

Um dia desses ir-me-ei embora, restará o canto dos pássaros

Persistirá o jardim que fiz plantar e o verde de suas árvores

Além disso restarão em azul todas tardes plácidas dos céus

Será possível, nas manhãs de domingo ouvir os campanários

O amor que tenho não morre comigo ou olvido que te amei

Talvez, tu sintas saudades das sestas nas tardes sonolentas

Ou ainda de toda risada feliz que demos deitados na grama

Enquanto meu espírito errante assistiria a tudo, nostálgico

Mas, se tu que fosses embora, não haveria os céus plácidos

Não haveria cor, azul ou verde ou pássaro nenhum a cantar

Meu coração seria uma eterna geleira dos invernos austrais

A primavera jamais regressaria e o jasmim não teria perfume

E qualquer o tempo que restasse, esse tempo não seria meu

Mas tempo para lamentar, sangrar de dor, chamar teu nome

Afasto esses pensamentos e visitam-me imagens da infância

Onde tudo era belo e eu escutava a chuva chegar no vento

Tempo mágico de folguedos, do harpear do realejo na praça

Relato que me invade nesta tarde de esperança e abandono

Estendo a mão, oculto a tristeza: não é mais hora de chorar

Agora que o sol já declina, não poderei mudar o que passou

Mas eu serei teu e tu serás minha, enquanto o sonho existir

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