quinta-feira, dezembro 29

Antídoto

Esta insônia enlouquecida que desaba sobre todos os sonhos
É a matriz dos meus poemas que são um antídoto contra dor
E assim distribuo os versos, como um linimento sobre o papel
Não direi dos passos antigos de contornos tristes e caminhos
Calcinados e errados que andei, sem pretextos para nostalgia
Desejo fazer que a vida retome com força, abrir as pálpebras
Ver-me a salvo, pelo menos crer-me a salvo, que já é bastante
Se o poema não é a unção milagrosa, sem contra argumentos
Os versos também mostram o que atrairá viver às escancaras
Mesmo o que não é dito, não deixa de acontecer, só por isso
O que se necessita é conter o lamento, pai de tantas agonias
Mazelas não devem, malgrado não haja manual de instruções
Ser revelada aos inimigos. Deixar no vazio é mais confortável
Os noticiários é que veem como atrativo repetir os desastres
Há que se tornar surdo-mudo ou cego, mas atento aos signos
E não cantar, mas para espanto deles fazer como se cantasse
Sob um céu comum, uma só noite pode representar mil e uma
Bendita noite azul caminhando à deriva, mergulhar no enigma
Para ser outro e amar.  Amar com amor de valor, sem astúcia
Então, não se deixe levar por contradições que só a razão vê
O mundo tem máculas e não há feitiço ou fé que o desminta


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