Antídoto
Esta insônia enlouquecida que desaba sobre todos os
sonhos
É a matriz dos meus poemas que são um antídoto contra
dor
E assim distribuo os versos, como um linimento sobre o
papel
Não direi dos passos antigos de contornos tristes e
caminhos
Calcinados e errados que andei, sem pretextos para
nostalgia
Desejo fazer que a vida retome com força, abrir as
pálpebras
Ver-me a salvo, pelo menos crer-me a salvo, que já é
bastante
Se o poema não é a unção milagrosa, sem contra
argumentos
Os versos também mostram o que atrairá viver às
escancaras
Mesmo o que não é dito, não deixa de acontecer, só por
isso
O que se necessita é conter o lamento, pai de tantas
agonias
Mazelas não devem, malgrado não haja manual de
instruções
Ser revelada aos inimigos. Deixar no vazio é mais
confortável
Os noticiários é que veem como atrativo repetir os
desastres
Há que se tornar surdo-mudo ou cego, mas atento aos
signos
E não cantar, mas para espanto deles fazer como se
cantasse
Sob um céu comum, uma só noite pode representar mil e
uma
Bendita noite azul caminhando à deriva, mergulhar no
enigma
Para ser outro e amar.
Amar com amor de valor, sem astúcia
Então, não se deixe levar por contradições que só a
razão vê
O mundo tem máculas e não há feitiço ou fé que o
desminta
Nenhum comentário:
Postar um comentário