terça-feira, outubro 10

Amiúde

O matiz de teus olhos esmaece entre minhas lembranças

A noite se alonga no breu da espera e a oxida impiedosa

Nesses céus gris, o amor sofre da agonia dos nunca mais

Das acres despedidas, madrugadas sem nenhum amanhã

Quanto de mim fez-se silêncio, quanto a noite é silêncio

Íntima e quase namorada, a angústia dos barcos no cais

Mas o amor é pedra cristalina e minha lúcida passageira

É que o amor é a tua chegada e posso ouvir teus passos

Cujos ecos me fazem voar sobre o musgo das ausências

Sorver a ânsia de te ver chegar, minha estrela da manhã

Que reacende meu fulgor, pela certeza de te pertencer

Onde amiúde meu amor clama por teus seios, teu corpo

Nos segredos da noite, mãos que perseguem borboletas

Se te escrevo é por medo de te perder, flor do meu dia

Enquanto teu nome esvoaça em minha boca nas tardes

Tal qual um som foragido da doce surpresa dos sonhos

Que por mais que naufraguem em ti, tu saberás de mim

Como uma vertigem, um sopro convulso de ar e alegria

Pois chegas e desatas o riso que renova o sono em paz

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