quarta-feira, outubro 25

Ruptura

 Vão-se-me os amores entre horas desertas de quietude

O tempo escapa veloz nos ventos d’uma primavera gris

Oh, são tantos ais pelos umbrais de caminhos agrestes

Auroras afogadas em alguma manhã muda e sem brilho

 

O perfume vespertino alumbrou minha porção caseira

Renasceu do ventre da noite em fios d’água cristalina

Quando verte de negra fonte, precede toda ausência

A romper silêncios pétreos no assombro das partidas

 

A vida sem amar é perder. É como, sobretudo, morrer

Sem escrever o verbo sob os fulgores de um novo dia

É não ter asas para voar no mesmo espaço do pássaro

Nem ter-lhe a voz breve que tempera sorrisos tardios

 

Onde encontro segredos de ti, menina de antigamente

Ouça-me antes que o sol nasça como alarme do adeus

Ouça meu canto amargo que o esquecimento assopra

À espera de teus ouvidos noturnos e tórridas paixões

 

Somos contrários libertos a buscar a energia do fogo

Para que o metal se rompa em líquido qual mercúrio

Assim como o amor rompe os contornos das palavras

Quando se faz real e fonte permanente de toda vida

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