sábado, outubro 14

Vidas Vazias

 

Foram tantos e tão longos os caminhos vazios desta vida

Vagas estrelas da noite carregam seus nomes em segredo

Enquanto o vento sussurra pela porta aberta das noites

O cão da ausência uiva para a lua escondida pela nuvem

Persiste na boca o sabor amargo das partidas sem adeus

Que resta quando a dor sobe do inferno fundo da alma

 

Os navios deixaram o cais e viajam suas distantes rotas

Entretanto a mulher que eu amaria já pertence a outro

E nos ventos díspares da madrugada, minha cama vazia

Exala um cheiro de bergamotas sob o lume de silêncios

Luz, estrelas e estradas, um constante perder e ganhar

Renasço nas palavras mortas com um resto da infância

 

A vida passou, nem percebemos quão rápido acontece

É ora alegre ou ora severa como comandem os cordéis

Mas olhamos no espelho e vemos o quanto já mudamos

Uma figura lívida que serpenteia e trespassa todo azul

Nas alvoradas que as memórias nos darão conta enfim

De quanto abrimos mão por algo que nem pôde existir

 

As sombras da noite brotam pelos cantos e são ligeiras

Espalham-se qual o asfalto molhado das ruas solitárias

O relógio desenha círculos com seus negros ponteiros

A mover-se entre os números e as correntes douradas

Um bando de aves exóticas grasna pela hora alarmada

Para despertar do sonho e dizer que é hora de morrer

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