quarta-feira, maio 8

Pampa Submersa!

Na espera do amanhecer, chegou a chuva e seus mortos
Olho a estação vazia e os trilhos uma longa língua cinza
Vejo a cauda de fumaça da locomotiva na cena distante
O ar vibra ao som da harpa e traz a mensagem dos anjos
As pessoas do trem seus corpos escurecidos de tristeza
Choram lágrimas de sangue, soluçam os pássaros mortos
O coro das ausências, em fileiras aguardam no cemitério
 
Na espera da luz e a morte vem detrás de tantas pupilas
O sangue derrama-se sobre a bandeira lavada de pranto
Por amargas sombras de nuvens na revolução das águas
A insônia rouba os sonhos, inundando tudo às centenas
As pessoas reunidas, mas não há festejos, riso ou canto
A lua desnuda a tudo assiste, boquiaberta, terra abaixo
As aves de rapina agindo livres, as serpentes de espanto
 
Na espera do dia, os perigos da noite seguem arrastados
Há uma busca atormentada pelo último torrão de terra
Uma talisca de chão seco e enfim expulsar as cascavéis
Povo que padece nas caravanas ao sul azul do cruzeiro
Vãs promessas mirabolantes, inexequíveis e ultrajantes
Oprimidos e inermes meio a contingências improfícuas
Conservam a esperança nativa da gentil alma brasileira


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