segunda-feira, maio 13

De vingança

Os corvos voam entre macieiras espalhando o polem
Fora de ti tudo o que resta é meu escrito amputado
Os meus ouvidos fatigados e minha memória pesada
Enquanto maio esmiúça a raiz das febres de menino
Ergo os olhos como se te visse neste dia de desvario
Isto me parece uma pretensão um tanto antagônica
Posto que não tenho nenhum pretexto para te falar
Já que até o livro que te emprestei, tu o devolveste
Aguo a terra com o regador, brotam dentes-de-leão
Pelo jardim o gato corre lá e cá a espantar pássaros
Qual eu corria ao teu encontro enquanto tu fugias
Mas o amor foi a flor que morreu por falta de regar
Confesso que choro ao cortar cebola para o molho
Choro junto com quem chora por ler meus poemas
E recordo ter conhecido cada rincão de teu corpo
Cada fibra, cada músculo e cada milímetro de pele
Mas se nada escrevi no poema é que fui cavalheiro
Por um momento meus pensamentos fluem qual rio
Inundando-me a cabeça com a imagem de teu rosto
De vingança vou escrever um verso nu e te dedicar
 


Nenhum comentário:

Postar um comentário