segunda-feira, agosto 12

O Todo

Anuncio aqui um poema desenraizado do silêncio
O silêncio que mais que silêncio se fez melancolia
Na angústia inquietante que veio com tua partida
No contraste de quando chegaste tão lentamente
Partiste tão de repente que não pude me despedir
Qual as ondas colidem bruscamente nos rochedos
E se vão como espuma branca que parte tão veloz
Partiste tão rápido que até os pássaros se calaram
Também as flores do jardim já começar a murchar
Mas tu descobrirás amiúde, toda a dor da solidão
Em meio ao festim na soturna dança dos oráculos
Ou quando se recordar dos ritos entre arvoredos
Saberás dos meus caminhos nas palavras do vento
Enquanto a tarde exala um cheiro de terra úmida
Não olvides que minha voz não estará à tua porta
Quando te fostes, restou o desafio da melancolia
Recorda, pois não foi fácil me desgarrar de tanto
Quando teu nome era o único signo da esperança
Mas isso se foi, hoje pisas entre as aves de rapina
E assim te distanciastes das dimensões iluminadas
Se o tempo se fez teu inimigo, a mim não intimida
O poema não se faz de palavras esquivas e fugazes
Na busca celeste e límpida da germinação do jogo
A poesia não é o meio ou a extremidade, é o todo

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário