terça-feira, outubro 29

Mutuamente

Corpos noturnos entrelaçados, artífices da memória e do desejo
Minha pele de homem, a tua pele de mulher em verdadeira nudez
Que nem a luz do sol, nem a fúria do oceano conseguiria separar
A terra toda silencia diante de nós, corpos tomados pela volúpia
Corpo e alma reunidos, juntos somos o melhor de nossa história
Reunidos somente por vontade, a nudez é a nossa maior lucidez
Meu corpo ereto amanhecendo no teu é o que me torna humano
Corpo nu que me acolhe, tua gruta onde vida e morte coexistem
A noite que aos olhos do mundo nos esconde não nos traz limite
Olhar no olhar, inscientes ao que nos rodeia, falamos em silêncio
Sentados frente a frente, num ininterrupto balanço de vai e vem
Nesse movimento tal um sonho, o abraço nos liberta das amarras
É a vida que cruza arcaicos limites, não mais oculto ou surpresa
Lá estamos nós a nos descobrir, qual paladinos do mutuo prazer

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