domingo, maio 9

Por outros caminhos

Não mais seguirei pelos caminhos que julgas teus

Pois ficaste estática, muda de irrevogáveis passos

À espera que se frutificasse o que do céu não caiu

Como se obscuras tenazes raízes fixassem teus pés

 

Porém, deves seguir em frente por onde sonhaste

Que como sabes voltar atrás não poderás. É tarde

Devias ter vencido o abismo sobre a corda bamba

Alcançado a outra margem e transpor sua sombra

 

Quando fores reencontrar o que se fez invisível

Não o poderás julgar, sem teres a ciência de tudo

E jamais a terás, então o silêncio será conselheiro

Não olvides o destino: é enredo de mãos invisíveis

 

Te surpreenderás quando solenemente vier a luz

A trazer a revelação que a sanidade não imporia:

A imagem de que foges é a imagem que procuras

A figura da qual te eximes é a figura que te falta

 

Os fios da vida que almejas são linhas deste poema

Empilhadas sob minha pena: nem traços inofensivos

Nem pedras de alguma longínqua e agreste escarpa

Mas conhecimento que se abriga sob olhos levianos

 

A verdade não é a arvore que frutifica ou sombreia

É o fruto de uma difícil entrega para calar os medos

Outorgados ao nasceres, não importa quão rebelde

A resposta é da cor da paz, mas tem o som da fúria

 

Contudo deves ter por certo que livre desses temores

O coração pulsa mais se alheio aos reclamos da razão

Gera uma luz desmedida que se irradia e ofusca o dia

Traz em si um quê de eternidade e dois de esperança!

 

 

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