Nalguma lembrança perdida uma voz
diz-me que fui pássaro
Recordo-me do horizonte onde reinava
majestoso o arco-íris
À distância a natureza no cio e seu indômito verde
luxurioso
Lembro ainda os montes como guardiões e suas lanças
eretas
Guardo mesmo a memória de
infindáveis planícies espraiadas
Que se desdobram aos meus pés sobre as quais revoava
célere
Imensos trigais que, dourados, o vento ondulava qual
um mar
Espalhando, nas tardes, o suave perfume das flores do
campo
As lânguidas e brancas nuvens
recortam mansas do céu o azul
Imitando todas as espécies, míticas e reais enquanto
flutuam
Outra rasante e venço as escarpas que se estendem até
o mar
Do alto era simples fazer de conta que nada de mal
acontecia
Sob um céu de utopias onde se ignora a angústia dura e
cruel
Mas, vem o dia que já não basta sobrevoar a copa das árvores
E ignorar por descaso, o que a vida logo abaixo tem de
surreal
Pois que entre as asas, mais que a mente, pulsava um
coração
O amor ligou-me à terra à qual imergi como relâmpago faminto
Célere sem relutância à busca do
repouso no regaço da amada
Hoje, meu consolo, é sentir sob meus pés esse pouso
soberano
Guardo a pluma que restou, dentro do peito como um
homem
Que deixou seu nome no espelho da
memória, no livro do tempo
Lindo. Percebo sentimentos nobres.
ResponderExcluirGoste demais.
Bjs