quinta-feira, maio 16

Fragmentos


Para assim tramar mais um escrito, sem palavras doces ou rimas
Sem inspirações da beleza da alma, antes pois, do travar de lutas
Sem o enlevo de flores multicores, mas das campinas crestadas
E começando pelo óbvio, lembre-se que o tempo não volta atrás
Torno o ar impregnado por um invulgar cheiro de antigas cinzas

Nem sempre serei eu o personagem que protagoniza estes versos
Pois o poema nasce de ordenar formas de palavras, de fantasias
Porém, outras vezes emana das vísceras e se torna real tal a dor
Dos sonhos que se perdem em fragmentos na escuridão da noite
Quando se ansiava tão-só sentir um afago que ficou no passado

A distância, o desafeto e a solidão, não silenciam a pena ou a voz
E o poema emerge do mais profundo do ser para recusar a morte
Que caminha à espreita pelas sinuosas margens de nossa essência
Ah, quantas pessoas caíram no olvido entre sombras do passado
Perdidas entre as voltas ilusórias dos mundos que já vivenciamos

A vida joga de forma intrigante, brinca com nossos sentimentos
Então nós gritamos por acolhida com nossas vozes sussurrantes
Que confundem nosso pensamento em lampejos luminosos vãos
Aos poucos os sorrisos, amores, abraços evanescem na memória
A razão de toda uma existência fica cada vez menos real a nós

Encante-se com a vida, apaixone-se, faça tão mais que sobreviver
Encarne seu personagem mais atraente e viva, pois não há amanhã

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