segunda-feira, maio 13

Caminhos Inventados



Eu queria de novo deslizar nos céus como quem anda de patins
Voar, os olhos cheios de miragens, tão alto a dar inveja a Ícaro
Abraçar a liberdade e senti-la no abraço qual um manto divinal
Partir, um dia de semana entre tantos, ao infinito trazer a sorte
Feliz como quem descobriu um trevo de quatro folhas no jardim
Cavalgar os ventos a ignorar a lei da gravidade, a ordem natural
Ultrapassar serenamente todos limites, sejam meus ou impostos
Guiar-me pelo sol, preservar meu pensamento pacífico e íntegro
Tornar-me íntimo da paz, num sonho de alegrias compartilhadas
Das algazarras de outros tempos, pois que o silêncio é ausência
É o caminho empedernido, dos desencontros e das frustrações
Eu queria um tempo sem amarras, tal qual os tempos de outrora
Que se podia esquecer os dias sem alento, desabafos eclipsados
Fazer as pazes com a ilusão, perdida numa tarde fria a beira mar
Queria não querer mais os ventos ingentes, mas as brisas tênues
Olhar a noite efêmera, a insônia que gera o poema, sentir o luar
Aguardar a terna luminosidade da alvorada, sorrir à vinda do sol
Doravante abraçar a vida como a vida quiser, com toda gratidão
Deve ser o outono mais tépido, mas com o mesmo fascínio usual
Eu sou o condor, em eterna mutação, aninhado nos galhos nus
Minha alma voa como mariposa pelos meus caminhos inventados

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