Eu
queria de novo deslizar nos céus como quem anda de patins
Voar,
os olhos cheios de miragens, tão alto a dar
inveja a Ícaro
Abraçar
a liberdade e senti-la no abraço qual um manto divinal
Partir,
um dia de semana entre tantos, ao infinito
trazer a sorte
Feliz como quem descobriu um trevo
de quatro folhas no jardim
Cavalgar
os ventos a ignorar a lei da gravidade, a ordem natural
Ultrapassar
serenamente todos limites, sejam meus ou impostos
Guiar-me
pelo sol, preservar meu pensamento pacífico
e íntegro
Tornar-me
íntimo da paz, num sonho de alegrias
compartilhadas
Das
algazarras de outros tempos, pois que
o silêncio é ausência
É
o caminho empedernido, dos desencontros
e das frustrações
Eu
queria um tempo sem amarras, tal qual
os tempos de outrora
Que
se podia esquecer os dias sem alento, desabafos eclipsados
Fazer
as pazes com a ilusão, perdida numa tarde fria a beira mar
Queria
não querer mais os ventos ingentes, mas as brisas tênues
Olhar
a noite efêmera, a insônia que gera o
poema, sentir o luar
Aguardar
a terna luminosidade da alvorada, sorrir
à vinda do sol
Doravante
abraçar a vida como a vida quiser, com
toda gratidão
Deve
ser o outono mais tépido, mas com o mesmo fascínio usual
Eu sou o condor, em eterna mutação,
aninhado nos galhos nus
Minha
alma voa como mariposa pelos meus
caminhos inventados
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