segunda-feira, julho 22

Incomum


Esta não é uma segunda qualquer, pois teu nome já me é saudade
Não dessas que são frutos de grandes tempos nem das distâncias
Eis que meu corpo guarda na memória, a geografia de teu abraço
O leve e gracioso sabor de teus beijos que ainda persistem em mim
Esta é a saudade que tem a cor do afã de estar contigo outra vez
Tem o perfume do anseio de te contar quanto quero isso de novo
Pois fazia tempo que meu poema não nascia numa caligrafia feliz
Daí o coração que viveu tantos litígios, ora tem muito para contar
Porém não dirá das dores, ao contrário, dirá o que viu nos sonhos
Dirá que vê o teu sorriso, se te identificas nos versos que escrevi
Que ouço o som de violinos ao pensar quão mais quero teus beijos
Que o homem que sempre se viu na luta como trem desgovernado
Ora é o arco retesado que irá endereçar ao alvo a flecha certeira
Nesse ínterim, viver muito mais; recuperar a brisa do mar no rosto
Caminhar de mãos dadas, desfrutar a vida como vier, ir ao cinema
Nunca abrir mão de ser menino e sendo assim, um menino aplicado
Para manter acesa esta chama que se acendeu, cultiva-la dia a dia
Subtrair, por fim, tudo o que não caminhe para se tornar um amor
Permitir que nos amanheceres avermelhem um horizonte incomum
Abraçar-te, sem fim, transcender de ser a palavra para ser o poema


2 comentários:

  1. Textos lindos, que revelam toda a sensibilidade e emoção do autor ao se deparar com seus próprios sentimentos, e, sem pudor, os expõem como em uma catarse...

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    1. Agradeço seu comentário que, tão sensível quanto os próprios versos, muito bem definiu o processo de criação deste poema.

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