segunda-feira, julho 15

Metamorfose em Azul


Em outra noite vazia volto a dispor das palavras, encadeando-as
O que faço como quase uma obsessão, a desenhá-las sem cessar
Fico a acomodar as letras vadias para lhes dar sentido e encanto
Tal qual a flor que brota em meio à palha seca da grama invernal
E o poema irá amadurecer como um filho que se espera vitorioso
Por um instante sinto-me o Criador, que traz o inerte à esta vida

Nas duras batalhas do existir, é preciso proferir as palavras leais
Enquanto outros as fazem prostitutas, a enganar, mentir, falsear
Ah, no silêncio das marés invento-me entre suspiros e murmúrios
Em meio a ilusões jamais alcançadas de estórias de amor e paixão
Elaboradas de palavras errantes, que não foram destinadas a mim
Mergulho as imagens no meu silêncio interior e cogito sobre tudo

Ao longe as escamas douradas do pôr do sol, refletidas pelo mar
Formam um manto de utopias improváveis e abraços passageiros
Como se as flores nos recusassem seu perfume e mesmo as cores
Assim emudecidas, tão tristes como um céu que se tornou cinza
Os pássaros já não nos dão seu canto melodioso e a lua não sorri
O tempo se apressa como nunca, porém não há lugar onde chegar

Mas haverá a metamorfose e dias cinzas serão azuis, o silêncio se-
rá cântico e as pétalas em cor darão a esperança da nova primavera.

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