terça-feira, abril 21

A nudez do papel


A noite vem e abrange como um mar e oculta os caminhos usuais
Nessas noites, na agrura de luzes, muito se oculta mesmo a razão
Então me surge essa vontade indisfarçável de outra vez escrever
Reunir e adjudicar vida às palavras que circundam soltas pelo ar
Tomar da pena nos dedos para vestir emoções na nudez do papel
No qual me assento, como quem tatua na pele de forma indelével
Estes versos sem rimas cujas razões vêm desafiar as horas de sono
À sorte caberá narrar se os versos serão chorados ou serão nada
Não são óbvias as razões, que o destino o sabe, por que te escolhi
Recuso-me a acreditar que toda a identidade seja só coincidência
Foram histórias inacabadas em outras vidas a mover o inverossímil
Sei que temos discórdias, mas isso não tem feitio de fazer sentido
Mas quando nos queremos, sim o faz e a madrugada fica pequena
Nas ruas vazias, nossos sonhos peregrinam, cavalgando unicórnios
Portanto saibamos que breve o amanhã estará aí com um novo dia
Chegarão também, as esperanças que só nos cabem dias melhores
Sem dores, abandonos e corações partidos ou versos descartados
É chegada a hora de carícias que virão a alimentar nosso coração
Na certeza que quando juntos, somos muito mais que quando sós
Tal qual as milhões de estrelas cintilam no firmamento azul escuro
Toda busca tem fim diante do espelho, as respostas estão em nós

Nenhum comentário:

Postar um comentário