sexta-feira, abril 24

O salto


Um dia vesti-me de emoção e saí pelo negrume do asfalto noturno
Segui de pés descalços lançando meus pregões com a voz cansada
Hoje o silêncio denota a falta dos carros nestes tempos estranhos
Já não ouço o canto distante, as histórias se descortinam céleres
Nem os colibris e as borboletas contam das folhas outonais caídas
Não tenho palavras grandiosas, nem de efeito na manga do paletó
Mas só assim que me sinto liberto para dizer que tens meu coração
Não vim aqui para ser um momento, mas por uma vida, nossa vida
E persistirei ao teu lado mesmo quando nada mais te fizer sentido
Descobrirei o enigma e seguirei o vento que sopra entre as árvores
Lembrarei dos sons entre paredes, os sorrisos antes do amanhecer
Hoje a escolha é navegar na mansidão dos teus olhos que me fitam
Enquanto não chega o momento de pousar os meus lábios nos teus
Tão doces qual o mel, eu desenharei um poema com cheiro de flor
Para fantasiar teus sonhos e desmanchar teus cabelos, te arrepiar
Para te fazer sorrir, que sejas minha estrela, o paraíso nesta terra
Entre as linhas deste estranho poema, vive o desejo que entendas
Que abri meu coração para entrares e saltei nos limites da emoção
Quando se ama, sempre, ainda que não se queira, se perde a razão

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