Existe um silêncio rude, uma voz impronunciada no ar da noite
Um enigma febril imerso em um tempo cru de canções
oblíquas
Os jardins restaram imóveis, as avencas dormem na sua
loucura
Há quem morra do lado
de fora, longe dos vestígios do paraíso
Em meio a incêndios terríveis
e distantes de qualquer infância
Toda beleza se foi ligeira e assim também a doçura e os sorrisos
Os dias têm o perigo em sua inclinação nesse tempo de
adeuses
Dizem que a morte vem pelo ar, mas atenção, também a
música
Milhares de lenços se
fecham ao vento, há o crime e o sagrado
A frase se ouve diante do espelho, segue-se às cegas pela noite
Anjos azul cobalto com braços abertos anunciam uma
chegada
Dos que se despem de pudores e dão o lírio de terras
distantes
A quem é capaz de amar
tanto e esquecer de seu próprio nome
A inocência respira tão rápido, corre loucamente nas
varandas
Não há mais que se
pensar no que está à direita ou à esquerda
Uma nova víbora traz essa maçã dos tempos modernos –
reflita
No meu soneto
peculiar, quero a imagem do sorriso de
criança
De mãos erguidas a saudar novos tempos, mais leves e
ardentes
Reviver o que há de vida
em mim como quem acabou de nascer
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