quinta-feira, dezembro 31

Adeus Ano Velho

 Por toda a dor cotidiana, que naturalmente me integra a vida

Faço-te uma emboscada para que meu poema te prenda a mim

Imerso neste subúrbio à espera da escuridão que se aproxima

Uma manobra quase infantil e esperança de ter teus suspiros

Neste final de dezembro o calor do verão irriga e inunda o ar

Sou o pássaro gravado em sua fuga e o relógio segue a pulsar

Ainda tenho nos ouvidos da memória umas cantigas de Natal

Mas a magia que irrigou todas as fantasias, só pulsa no sonho

Numa carruagem assombrada e abarrotada de quinquilharias

Onde todos os desejos antigos eram reféns de mentiras tolas

Rememoro com incômodo o que fiz e o que poderia ter feito

Reconheço que toda escolha mal sucedida, ora é irreparável

Mas o que não fui ou o que não fiz é morto não mais importa

Porque toda a escolha ficou na ilusão do tempo e do espaço

Não adianta exaltar a passagem de 365 dias, nomeados de ano

Desejando que tudo, num estalar de dedos, mude de repente

Se cada dia não fizermos brotar essa mudança dentro de nós

 

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