domingo, dezembro 20

Criança Perdida

 

Lembro dos dias da infância onde aprendi sobre a resistência

Aprendi calar a fórceps com as ameaças diárias de minha mãe

O mundo nos adjudica a todo momento lições a compreender

E meu aprendizado não veio das surras, flagelos ou dos gritos

Veio dessa experiência informal de querer ser-lhe o contrário

Para não ser-lhe igual. Sei que vezes é preciso ter pulso firme

Mas sem tomar isso no mais rigoroso e frio sentido da palavra

Eu menino, deixei de acreditar no amor e fui tolhido pela raiz

Tudo isso teve seu custo, deixou fragmentos perdidos em mim

Mas só agora aquilo que nunca foi e nem o será jamais, me dói

E constitui-se uma realidade de forças primitivas para dominar

Concepções vãs que terão de ser constantemente arrancadas

Diametralmente diferentes daquilo que entendem os filósofos

Meus abstraídos versos neste poema sobre a cidade que dorme

São tal a catarse metafísica, como o frágil véu que nos separa

Daqueles uns que vivem da malquerença só a vedar e a proibir

Este meu poema se faz repleto de desconcertante estranheza

É a resposta de uma criança que iniciou uma guerra já perdida

E nunca soube o porquê de nada, mas um carretel de mentiras

Tendo lhe sido roubado o calor mágico que irrigaria a fantasia


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