quarta-feira, setembro 15

A aposta

 

No silêncio da noite vem a sina dos amantes

Derramada num céu cor chumbo de tristeza

O tempo evanesce o que a memória guardou

Esse amor tão cristalino, amor de esperança

Eu apostei que viveria por toda a eternidade

Quiçá seja obra do destino e o amor morreu

Mas a noite adianta e a manhã vem vitoriosa

Abriga-me sob suas asas de um azul intocado

Ornado de duas nuvens brancas desgarradas

Ouço frases profundas que buscam consolar

Mas são só palavras despejadas dessas bocas

Essas palavras sem cor, da espera inesperada

Em troca de tão ansiado beijo que nunca veio

Deitando o nome da bela amada, letra a letra

Nas palavras tocadas por razões improváveis

No frio do mármore a esperança desmantela

A poesia é amor deitado no desdém do papel

Onde se apostou pela vida, contra o destino

A última cartada contra a dor o azul vencerá

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