segunda-feira, setembro 27

Dias Melhores

 Dia após dia as palavras feitas de sangue e ouro nos brindam

Os poemas já nascem tristes como lápides de ausentes heróis

O silêncio abissal revela em notas musicais as folhas a caírem

Batidas pelas gotas da chuva que caem no campo devastado

O vento leste que sopra traz o odor de pétalas já ressecadas

Memórias das tardes de incêndio interior às margens do mar

Mais uma sílaba, mais um gesto e o pássaro voa longe demais

Alcança aquela nuvem indolente, de água lapidada a flutuar

Ainda tenho a garganta seca, quanto o coração me restará?

Sei que esse medo é em vão, apenas vivos é que sentem sede

O sabiá caiu da antena onde cantava, restou um sabor de fel

Será que o paraíso existe para todos, digo, igual sorte ao fim

Há horas em que minha mente dispersa, sim afinal reconheço

Foram tantos pores do sol e tantas esperas e noites de chuva

Que nem mais sei dizer como fazer para resgatar a lembrança

De onde vem a certeza, clara, gentil, que dias melhores virão

Estas palavras cansadas, eu sei, cobram um sabor de enxofre

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