quarta-feira, setembro 15

Renovação

Eis que o inverno já se foi e o verde das colinas revive

Ouço, antes da noite, um último lamento dos pássaros

A chamar nas planuras de encontro ao rumor marinho

Minha mão traça no ar linhas de caminhos imaginários

Onde correm, cinzas, os lobos sob o troar dos trovões

No ar persiste o cheiro de terra molhada, olor de vida

Movo os olhos e lembro que dissestes foi tudo em vão

Mas cada gesto, cada expressão desta face eram teus

Enquanto os dias floriam violetas por jardins distantes

Por tuas escolhas, a varanda de tua casa já resta vazia

Desnudada entre as bandeirolas de uma festa passada

Que ficou no dia de ontem, orlada apenas de sombras

Ficou no passado o dia que andávamos de mãos dadas

E se a ti nada existiu, a mim foi o final de tua história

Mas nesta idade não se permite que faça isso invisível

Posto que as lembranças não dão-se a ser abandonadas

Elas me são tão só lembranças e a vida segue renovada

Nas estações da minha vida, já tem tempo é primavera

E, meu coração peregrino encontrou afinal seu abrigo

Seu lugar no mirante, na derradeira luz, a olhar o mar

 

 

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