segunda-feira, dezembro 20

O poema

 Meu poema não nasce do sono, nem de indigentes palavras

Meu poema nasce sem nome, dispensa projetos herméticos

Nasce da solidão que me habita e de clandestinas alegorias

Vem de meus transes, qual trouxesse um presságio invulgar

 

Meu poema se forja no aço da vida, a superar meus medos

Meu poema se alumbra com a luz que ilumina meus gestos

Nasce por todo canto entre as tábuas pisadas da memória

Vem de pequenas sementes, germina onde a beleza estiver

 

Meu poema resiste ao silêncio que, transido, o estrangula

Meu poema não tolera a indiferença, o morno, o ambíguo

É a prece que se murmura na cruz do oblívio das paixões

Vem bailando nas nuvens, nos cânticos das quartas-feiras

 

Meu poema se faz com a marca de quem procede do fogo

Meu poema transita pelo bulício das tardes de primavera

Para iluminar a bruma das almas e para regá-las com vinho

Gerado no mar, mas aprendeu voar no espaço sem limites

 

O poema é um cântico feito com os vocábulos mais azuis.

Nenhum comentário:

Postar um comentário