quarta-feira, dezembro 15

Silhueta

 Lá nas trevas chove sem trégua, tua face exausta me fita

Vejo tua imagem refletida na janela, tua silhueta elegante

Teu movimento cadenciado quando teu corpo me escala

Sabe o teu dom? Eu me nutro dos teus lábios abundantes

Escondida na tua própria criação te desprendes nua e ris

Teu voo faz uma lenta curva no ar, treme e me trespassas

Por esse tremor, empresto minhas mãos para te descobrir

Para celebrar, nesse enigma irrevelado que são teus olhos

Tateio as mãos a buscar essa figura de súcubo à meia luz

Busco traços de tua fala, na boca que busca minha boca

Que vibra ao toque a me revelar que encontrei teu rumo

Se o riso é a porta da alma, os dentes são a cerca de casa

Grades que invado, finges que me renega, mas me desejas

Sou para ti, não temas o cantar desse canto vil e precário

Um poema que, nas tuas páginas abertas, afaste a solidão

Que traços me trazes, com que letras criastes este sonho

Que me desconstruiu os sentidos e me despiu de palavras

Chegaste de repente, tomaste minha alma, pois que fiques

Não vou te prender, vou deixar este desejo fluir até o fim

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