quinta-feira, dezembro 4

Considerações

Caminho nestes plúmbeos dias versejando em frases desapegadas
Não sei onde estou nem o porquê sigo caminhando em voz baixa
As paredes onde se exibem o escrito dos profetas, estão rachadas
Eu, assim como todos, não sei se me quedo surpreso ou em aflição
Não há sinais nestes caminhos rudes de lilases varridos pelo vento
Dou de ombros e sigo em surdina num orbe de infaustos pesadelos
Minha decepção se alastra pelas minhas faces como erva daninha
Tal qual lágrimas silenciosas, sinais invisíveis de uma fria ausência
No horizonte precário, improváveis silhuetas acenam ao amanhã
Além das portas de ferro do tempo semeio as sementes do destino
Reajo a meus infortúnios, peito aberto, dilacerado e nenhum louro
Reconstruo as memórias hereditárias de tempos antes fascinantes
Os alto-falantes reclamam pela vinda centenária de dias soberanos
para reinventar os risos daquela infância distante mas imemorável
Penso no que sei e no que não, o conhecimento é amigo tormentoso
exige que você se faça de tolo para não ser julgado por outros tolos
É difícil aceitar que não é de precioso metal que os sonhos são feitos
Da minha varanda aprecio os arrabaldes a ouvir seu noturno rumor
Mergulho na noite vendo à distância as dóceis lâmpadas da cidade
Eu entre meus ombros, neste silêncio de afetos, rabisco estes versos
de um novo poema. Assim, vou lentamente lapidando meu epitáfio.

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