terça-feira, dezembro 9

A gênese da fênix.

No avançado da noite faz-se em mim um lume de poder criador
Que me avassala os sentimentos, como fúria incontida ou invasão
Um cordão de luz que nasce livre no fundo de minha consciência
Se aprofunda entre os pensamentos e emerge recompondo os fatos
Assim nasce, a cada madrugada como fênix, o poeta dentro de mim
Sem que eu mesmo saiba qual ígneo acontecimento leve a ser assim
Como ser alado que é, ave quiçá, logo ocupa o espaço na trama do ar
Desprende-se da trama original rumo aos céus num voo em espiral
Sob a fria sombra da aliança o poeta ultrapassa os limites impostos
Seu voo suplanta a dimensão onde se urde o desamor e a insipiência
Libertário das vozes antes prisioneiras transita rumo à luz da aurora
Na alta madrugada anseia no infinito que se cumpram as promessas
Comporta em si próprio todo o axioma da verdade na fluidez do ar
Na pura contemplação admira palavras nunca dantes pronunciadas
Quando a madrugada finda o poeta recolhe asas à procura do pouso
Diante do espelho seus pensamentos flutuam em outras dimensões
Seja o criador, seja a criatura o poeta move sentimentos estagnados
Da sua força geradora, plúrimo de identidades se recompõe humano
Assim volto a mim, volto a ser despercebido nos meus dias comuns
Enquanto outra noite não vem, sigo só, solitário nos fios da grande teia.


Nenhum comentário:

Postar um comentário