quinta-feira, dezembro 4

Mortalidade

Este é um daqueles dias em que a certeza da mortalidade se faz real
Que certo dia nossa alma deixará este corpo alquebrado, rumo à luz
No entanto, muitas questões demonstram estarem longe da solução
Irá para novas regiões ou descansará no lugar que chamamos paraíso?
Deitar-se-á entre as nuvens desfrutando do sussurro de doces fontes?
Poderá compreender as vozes que hoje apenas chamamos de trovão?
Queria poder afirmar a existência do murmúrio da brisa entre árvores
Onde os campos recenderão a um divinal perfume incomum de rosas
Paisagens elísias nas quais melodiosos rouxinóis narrarão este poema
E assim não parecerá sem sentido ou pueril, antes uma verdade una
Suas palavras não parecerão ocas tal como retiradas de um transe
Ainda que esteja como sempre estará, encoberto de mil mistérios
A solidez de suas estrofes se atreverá a fulminar todas as dúvidas
E o poeta que jamais dorme seguirá a narrar seus contos dourados
Buscando alegrar outras almas como fazia aos homens antes de ir-se
Tornará a dizer de suas paixões de suas mágoas e tantas desilusões
E que, entretanto, sua glória suplantou qualquer traço de vergonha
Por nunca se saciar, se calar, ter a pena arrebatada ao conformismo
Na busca infinita de saber de si, para preencher as lacunas, para ver
Que por paradoxal que seja ao reconhecer a morte, tornar-se-á imortal.

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