quinta-feira, dezembro 4

Infância Revisitada

Outra noite fitava o céu sob um manto de quase silêncio
Traços e espirais uniam as estrelas desenhando signos
Vejo que eram as mesmas que eu seguia quando menino
A tecer pedidos enquanto ia, no escuro, silabando orações.

Só preciso de um segundo e já não me encontro onde estou
Sou de novo o mesmo menino deitado nas pedras da infância
Absorto sob o vento que, vindo do mar, se esgueira entre as árvores
E se distancia no ar como se fosse o som de um manso tropel

Nesse doce abandono, desenraizado dos vivos, infante singro o céu
Atrevo-me entre refulgidos astros trespassados por um raio de sol
Nesses instantes que estrelas são ilhas e a lua refúgio de suavidade
Subo vértices de aéreos precipícios com minha brigada de sonhos

Mas na travessia desse mar irreal e fugaz minha alma deve retornar
Porque a noite não é real, é um tecido negro e seus furos sob o sol.
Certo é que ninguém está livre de medos, sombras e silêncios ocultos
Nem os olhos de tentar alcançar o limite vão de um coração provisório


Meus versos insones são apenas sílabas abandonadas sobre o papel

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