De
cabeça baixa estavas e parecia que me fitavas
Teus
seios afloravam da renda do vestido de festa
Na
parte entreaberta sobre o teu ombro esquerdo
Nessa
última imagem que vi de ti já não tinhas vida
A
dor me trespassa o peito, já nem consigo chorar
Estendo
a mão com tremor, alcanço teu braço nu
Tento
te imaginar como há horas atrás e te cobrir
Palavras
tínhamos dito, decisões seguras e rápidas
Decidimos
com leveza as direções de nossas vidas
Pois
sabíamos toda luta que teríamos a enfrentar
Para
reunir nossas vidas e esperanças num futuro
Volto
a nossa noite passada. Foi algo inesquecível
Cada
uma era sempre como se fora a primeira vez
Mas esta não. É a última vez, jamais vais retornar
Sinto-me
em um deserto de areias negras sob o sol
Elevo
os olhos aos céus para buscar por respostas
Mas
não vejo nada, não há uma luz, não há nem ar
Privado
de ti me quedo vencido em meio a sangue
Porque
queria te seguir, te rever dizendo que sim
Mas não tenho essa graça. É só silêncio e angústia
Não
há um mínimo alívio para aplacar essas dores
Já
nem vejo mais, escurece, ouço sirenes ao longe
Sabes
quanto eu quis te tirar dali, trocar de lugar
Nas
profundas chagas que eu mesmo abri em mim
Pensei
que assim iria te seguir, te amar pelos céus
Estaríamos
num espaço azul e anjos nos sorririam
Trazendo
a ti de volta para meus braços
refeitos
Mas
tudo que encontrei foram somente sombras
De
tanta tristeza esse meu coração quase
morto
Vai revivendo solitário o ar quente daquela manhã
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Escrito em Janeiro de 1998 - Somente agora encontrado.
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