Há tempos se oculta nas trevas dos enganos dessa angústia
diária
Um som sem ritmo e
música, tantas lembranças sem recordações
Um profundo abismo
de solidão, com milhões de risos silenciados
A fé maquinal nos enganos
do passado só fez gerar novos enganos
Almas sem luz, vampiros
sedentos de dor a se alimentar dos erros
Transformando em
negrume o coração nos invernos do desalento
Até que nada mais vai restar da alegria dos encontros
vespertinos
Até que a visão de tua chegada não seja nada mais que
um delírio
Nem mais serei um pássaro
que o frio da ausência queimou as asas
O som dos passos da amada são de quem se afasta e vai-se
embora
Aprendi que não se pode recompor os atos de um passado
remoto
Mas voar clama por muita energia a quem faz seu
caminho no céu
E energia só existe
quando se fecham as portas a todas as mágoas
Lançando-se no vazio
azul sem medo e o brilho renovado nos olhos
Reinaugurando a voz antes perdida, para ocupar todos
os espaços
Recriar no peito saudosas
emoções, renascer uma vez antes do fim
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