terça-feira, junho 4

Tardes Amargas




Apreendo as cores da luz do candelabro refletidas no teto
Com elas escrevo nosso nome na porta que dá para o futuro
Antes que nada haja de nós, senão restos de esquecimento
Palavras escritas sobre o pó que o primeiro vento irá varrer
Em meus olhos cintila a luz da ausência de verões distantes
Pedaços anônimos dessa esperança que reside nas sombras
Escondida, emudecida sem dar nenhum breve sinal de vida
Todos faróis apontam para o mar, mas não há mais velejares
O destino é tal qual nevoeiro espesso que pouco permite ver
É o livro escrito nas páginas de todo tempo que não é vivido
Preso no labirinto de tarefas inúteis em que nada se cultiva
Ou se colhe, somente se ordena e reordena sem sair do lugar
Ninguém escuta minhas palavras roucas que o vento passeia
Mas o que me move é um desvelo, como um animal noturno
Colhendo estrelas nuas e deserdadas nas curvas da estrada
Onde é tudo tão urgente e febril como os olhares de paixão
Em vão chamo teu nome pelas tardes amargas dos meus dias
Porém há o abismo de onde não ouves estes versos sem final
Uma hora enfim chegará  alguma palavra de amor para dizer
O abandono pulsa azul para quem traz o mundo nos ombros





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