Há dias que se
acende a melancolia, a qual fosse uma febre
O que é quase um pranto brota dos olhos, em descompasso
Imagino-me como se estivesse só e bêbado no mundo
baldio
Então nada basta,
nem meus verbos intransitivos nem o luar
De tão absorto, nem sei se ainda estou comigo
nessa queda
Ou vendo à distância a vida correndo do outro
do estuário
Enquanto meus olhos navegam pelo mar das
consequências
Ah, são tantas cicatrizes e são tão doloridas para se olvidar
Dão ares de que já se infiltraram entre as
fibras de meu ser
Não há um
ensaio para a vida, vivemos o próprio
ensaio vivo
Eivado de
revezes e de teorias indiscerníveis
sobre o existir
Não se deve julgar o presente pelo passado, que é só ensino
Mas é então que surges no sonho, incendiando-me
os lábios
Para que eu me desvie do
desânimo, o qual me levaria ao fim
Pois essa que borbulha à
frente não é realidade, só miragem
E teu corpo emerge das
nuvens vestido de seda e esperança
Para me ensinar
a esquivar tais gretas em caminhos falidos
Tuas palavras singelas, verdadeiras, meu coração reinventa
À noite nasce o poema, ignífero, resultando do ensaio de ser
Para deter a sensação da queda, uma preparação milagrosa
Devolves-me aos trilhos e ao
destino que escolhi ao teu lado
Viver a vida que houver, finita,
mas eterna em que seja amor
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