quarta-feira, setembro 25

Helena



O medo é um fantasma que arrasta suas correntes antigas
Por entre os corredores que negligenciamos na nossa vida
Em que renunciamos a partes de nós, partes de mim e de ti
Que escolhemos manter em segredo o que poderia nos ferir
Por acreditar que a chuva é capaz de se ocultar das nuvens
E que, no entanto, a brisa o revela às águas indóceis do rio
Foi nesse desatino que o medo pulsou para que perdêssemos
Para que tudo fosse ausência e dor no mistério gris da solidão
Nesses desvãos da alma, serão só perdas, pedras inominadas
No apogeu dessa angústia, tu vens e declaras que me queres
Para quebrar aquele frio silêncio tão inútil quanto um adeus
Este coração se põe então a galopar, corcel livre na planície
Rompante, sob a luz das estrelas, reluzentes, na nova estação
Chamo por ti debaixo dos astros que, bem sabes, eu lhos dei
E te ergues a dançar, como só a esperança o poderia realizar
À porta de um novo dia no qual essa paixão sublime se firma
Que sob o teto iluminado da aurora se arvora a sair do peito
A fazer que meus olhos te sigam atentos, breves e anônimos
Para hastear a bandeira desse amor incontido e imponderado
Gritar teu nome, Helena, minha e única no oceano do existir

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