quarta-feira, setembro 11

Vespertina


A vida escorre veloz entre os dedos nos ventos da tarde
Foram tantos sonhos perdidos nessa angústia e silêncios
Nessa sombra parda de chuvas que se abrigaram no viver
Doía o suspiro súbito, a paz roubada e as asas recolhidas
Na ausência imperdoável que criava o vazio no meu peito

Então ouvi teu nome e assim o amanhecer se fez de luzes
E foi porque te encontrei, como eu sei, já fiz noutra vida
Pois como iria conceber um sol, se jamais tivesse te visto
Para olvidar de tantos ais e de tanta mudez de dias cinza
E só o amor vai trocando as palavras deste canto amargo

Daí eu abro as asas e me atiro intrépido ao desconhecido
Para fazer a mágica e transformar estes tempos invernais
No engenho luminoso, onde te espero, desvairada e minha
Para te dar conhecer a nua realidade de meu amor por ti
Enquanto o perfume das flores vai a ocupar o ar da noite

Ao invés de estradas frias, sei que meu caminho é contigo
Já não mais sou o andarilho insepulto e nascido na insônia
Sou, antes, o que toma teu rosto entre as mãos a te beijar
Eis que já renasceu o poema em mim e o poema afinal és tu
Este sentimento não tem tradução, é mais ação que palavra

Como posso traduzir à luz da tarde, ao sabor do vento
o que vive no coração, à flor da pele, o que é destino?

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