terça-feira, junho 6

Anjo Descalço

A lua vai pendurada nos árduos caminhos desta solidão

Caminho só entre a névoa e me vem um som de guitarra

Agarro-me a ele qual se agarra a um galho no precipício

Nas noites à beira mar, a distância do céu é tão grande

E vejo um anjo de asas cinzentas que caminha descalça

Ela traz a música que fala sobre ter uma escada ao céu

Trocamos olhares, vimos uma só alma com um só desejo

Ela se aproxima tão suave na sua ingenuidade de cristal

Ela é tão ingênua, sou tão intenso e ainda há os jasmins

Embriaga-me no calor de seu corpo tão próximo do meu

A noite disse que vai inventar milagres na minha solidão

Porque lembranças e demônios já são apenas cicatrizes

E com os pés na areia molhada, não pegaria bem morrer

Não é a solidão que me dói, nem a música parar de tocar

É essa distância de sede quase abissal dos nossos lábios

Uma estrela cai e descubro: já não é preciso pedir nada

O perfume dos jasmins invade o ar e invade nosso olhar

A noite e a névoa são somente memórias que vão e vêm

O tempo já transpôs águas demais sob as pontes da vida

Toda noite sinto os perfumes do meu anjo flor de ilusão

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