terça-feira, junho 20

Retalhos

Há alguns dias que a inspiração se escondeu

Nesse tempo rapinado de cotidianidade nua

Nestes tempos que meus pássaros agonizam

São-me tempos em que amordaçam os anjos

A morosidade abrumada, tempos tão iguais

Renego-me a mera condição de espectador

Solto amarras vibro música, pintura, poesia

Resisto, me ergo, experimento abrir as asas

Rebelo-me aos anjos, pois que tenho a alma

Ainda que não faça da noite uma alvorada

Não me afogo com essa sede de horizontes

Essa sede de chuva em tempos de desertos

No exílio do orvalho, no alarido dos órfãos

Na sede uivante, desaguada que nos cerca

Renasço a poesia, sôpro do recreio infinito

Por libertar-me os pássaros de um desterro

O seu folguedo de asas, imaginação insone

Tece alinhavos de voo, aventura de cristal

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