segunda-feira, junho 5

Coletânea

Guardo em silêncio traços milenares do fundo d’meus abismos

Minha vida é uma coletânea de despedidas nas pedras pisadas

Nos caminhos que escolhi. Ah quantos espinhos eu encontrei

Amargamente, um dia descobri que viver não está nos sonhos

Mesmo que os dias amanheçam das flores nascidas no orvalho

 

Na poeira de chão sobre minhas asas, uma estrela entardecida

Uma fileira desverdecida, nos caminhos tantas vezes trilhados

Já não deixo meus rastros no fogo do ocaso em voos infinitos

Confundi no tecido dos metais, os sorrisos, dores e os dramas

Mal esquecido por Deus, encadeando fogos de outras tramas

 

Imagino que o silêncio me faça esperar por milagres miseráveis

Se onde eu esperava ver um batismo, vi na verdade um funeral

Mas virei-me a horizontes plenos de luz, para sentir nos astros

Meu tempo se suavizar entre a areia de luas e traços estelares

Embriagar-me, quase ali na esquina, de um florido dia de verão

 

Vou reviver em mim o menino qual deságua nas acéquias azuis

Que sonha com amores e seus perfumes flutuando pelo vento

Com parques de sombra num domingo distante e sem passado

E num ato de amor desesperado, semear o eterno para sonhar

Que o tempo está dormido e toda a ventura nunca vai acabar

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