quinta-feira, julho 20

Ecos da Origem

A solidão muda desperta-me cores pelo caminho arborizado

Os pássaros estão calados quais pedras nos rios coagulados

Nessas horas afogadas pelo quieto esquecimento tranquilo

Volatiliza-se o réptil movendo os pés sobre a pedra da noite

Abriga-se na sombra tal escudo, deixando seu tênue rastro

 

Vejo estranhas harmonias sem ritmo, uma quase serena paz

São memórias de coisas repousadas d’um antigo movimento

O raio resfriado em metal que guarda a luz cativa pelo chão

Eu, vão observador, desenrolo minhas reais asas de pássaro

Movo meu corpo na escuridão, vou buscar no sono o sonho

 

Quando em outro voo na essência de um vazio interminável

Busco no que me renova, sem abdicar do que fui, ser outro

E, sendo sombra, ser claro, translúcido, de contorno visível

Esculpir pensamentos fluídos e incontidos, fora da margem

Ideias evolando-se de parábolas obscuras, estranhas fábulas

 

A ponta do fio do tempo reina no silêncio que se incorpora

Faço-me de luar para que não mais germinem noites caladas

Poema e poeta que enfim recompõem escritos mais antigos

Ainda que simpatize com tantos encantos da modernidade

Regresso ao que comecei, para ser artífice de um renascer

 

 

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