Ecos da Origem
A solidão muda desperta-me cores pelo caminho
arborizado
Os pássaros estão calados quais pedras nos rios
coagulados
Nessas horas afogadas pelo quieto esquecimento
tranquilo
Volatiliza-se o réptil movendo os pés sobre a pedra da
noite
Abriga-se na sombra tal escudo, deixando seu tênue
rastro
Vejo estranhas harmonias sem ritmo, uma quase serena paz
São memórias de coisas repousadas d’um antigo
movimento
O raio resfriado em metal que guarda a luz cativa pelo
chão
Eu, vão observador, desenrolo minhas reais asas de pássaro
Movo meu corpo na escuridão, vou buscar no sono o
sonho
Quando em outro voo na essência de um vazio
interminável
Busco no que me renova, sem abdicar do que fui, ser
outro
E, sendo sombra, ser claro, translúcido, de contorno visível
Esculpir pensamentos fluídos e incontidos, fora da
margem
Ideias evolando-se de parábolas obscuras, estranhas
fábulas
A ponta do fio do tempo reina no silêncio que se
incorpora
Faço-me de luar para que não mais germinem noites
caladas
Poema e poeta que enfim recompõem escritos mais antigos
Ainda que simpatize com tantos encantos da modernidade
Regresso ao que comecei, para ser artífice de um
renascer
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