Verdade
Quero o gosto de
perder-me pelas veredas de minha solidão
Onde encontro a mim
mesmo, no desmedido eco do que fui
Na maturação do todo
o pranto e o júbilo de ser quem sou
Tantas vezes
imaginei em me fazer à margem d’outros olhos
E mesmo em ouvir a
melodia que agradava a outros ouvidos
Mas, o tempo veio
ensinar o quanto é preciso dizer um não
Pois não há como
explicar da brisa leve a quem não a sente
Nem há como recitar
o verão, quando lá fora está nevando
Como sentir o
perfume inesquecível, se é dia de despedida
E a nossa primavera
menina, não retornará, nem por milagre
Devolvendo a beleza
albergada pelo sangue e o calor da vida
Se o que há por vir
é o novo inverno que a mim só emudece
E faz que o poema
entorpeça, ligeiro, para depois evadir-se
Sob as ameixeiras,
nas últimas flores pálidas, jaz pelo chão
Prefiro fazer-me
invisível, inclusive aos mais ingênuos olhos
Seguindo a leste do
paraíso, apenas no silêncio do dia a dia
Repentinamente
imaginar-me referto de uma anônima magia
Renovando assim a
graça da criação, saber que deus é deus
Mas há a verdade do
cavalo, que branco, na campina pasta
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