segunda-feira, julho 24

Roxo de Paixão

 Os dias resultaram agrestes, meus caminhos tortuosos

Ricos de estrelas cegas, palavras dilaceradas ao vento

Teus olhos vieram do mar na chegada do fim de verão

Para serem residentes anônimos d’uma tola esperança

Qual faróis fiéis à tua efígie, esconderam em segredo

A luz que iluminava a rota dessas inquietas ausências

 

Sem te encontrar deixei marcas pelo chão que passei

Pelo chão cravado de corais e de estrelas pisoteadas

Foi um caminhar em tempos invividos em nu desatino

Em frias tardes amargas em vão invoquei o teu nome

E o sol não brilhou, nem ouviste tão insanas palavras

E assim saímo-nos, atrelados ao medo e ao abandono

 

Entre os estilhaços, pedaços perdidos de ti e de mim

Infecunda ausência dormida entre os móveis da casa

Repleta de pó, casa que guarda um cheiro de hortelã

Sob o céu roxo da paixão, nos perdemos nos desvãos

O querer que a brisa um dia revelaria às águas do rio

É o segredo que espera a nuvem alva que nunca virá

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