quinta-feira, julho 27

Periferia

 

Chegou a chuva e se desfazem os passos e as pedras

Bailam os restos e garrafas plásticas ao vento cálido

O córrego arrasta, vai levando sob dias tormentosos

Bem nessas horas inundadas, o barro, os cães mortos

O esquecimento é o tempo que se lamenta as perdas

E fazer parecer que não há mais nada para se perder

Algo que respire diferente, nem olvido ou lembrança

O lixo, ruas tristes, os tetos de zinco, assim é a vida

Uma certa amargura flutua no ar bem ali na esquina

Lentamente. Um ranço de cerveja que se derramou

O homem parado à porta, sozinho, curvando de frio

O ônibus passa entre as casas baixas e gente a olhar

Quase nada a celebrar, só há névoa e notícias ruins

Uma garrafa em cacos, o às de espadas, uma música

O vinho amargo, um olho desorbitado, não há amor

Nas águas da chuva, sem perdão, só mais do mesmo

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