quinta-feira, fevereiro 8

Eco da Terra

Nasço todas as noites nas luzes naufragadas em águas límpidas

Nesta terra amarga de lamentos, dezembro não é mais tão vivo

A noite avança e a lua se perde lenta em seu reflexo nos canais

Escondi meu velho coração detrás de muros que eu fiz erguer

Para ter a certeza que já estás demasiadamente longe de tudo

Que não mais te verei nas planuras onde soprou o nosso vento

Que balançava os cachos de teus cabelos e as flores do campo

Afastei-me de todos amigos para ficar só, somente recordar-te

Afinal, estás mais longe que a lua que nasce, mas te sinto aqui

No ar o cheiro verde do musgo e sobre as pedras ecoa o trotar

Dos cavalos selvagens, com longas crinas oblíquas tremulantes

O vento esmaece os vestígios de seus cascos deixadas no areal

Sou uma alma antiga, eivada de rancores cinzentos mal digestos

Deito as sílabas por folhas despenhadas sobre a relva do prado

Onde germinam os poemas desenraizados das sombras lúgubres

Nesta minha vida provisória, sou sobrevivente, sou eco da terra

 

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