quarta-feira, maio 29

Banco de Estação

No banco da estação numa tarde de sol a pino
Recosto-me na sombra macia das tuas palavras
Leio o livro que conta segredos em teus lábios
E sussurras carícias na língua em que me falas
Dialogas com o olhar, ébrio deixo que me leves
Bebo, pouco a pouco, as verdades inconfessas
no mar de tua boca que embriaga minhas mãos
Que murmuram ocultos vocábulos com o tato
No teu pequeno barco transportas meu alento
Diviso teu corpo sem mapa nas rotas do tempo
Já nem importa o rumo que este barco me leve
Vamos de sonho em sonho a buscar horizontes
Sob um céu onde o ar tépido enleia preguiçoso
E todos os pássaros vêm cantar com minha voz
Qual no dia que, nos ninhos, já não chove mais
Na esperança que tu os ouças nos meus lábios
Seguimos aliviados e ligeiros ao trem que passa
Transportados de ida e de volta, sem passagem
A fumaça do trem que parte apita viva e louca
Pelos trilhos que nos levam conhecer o infinito


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