No meu sonho acendi uma fogueira púrpura de lembrança
O brilho das
chamas, repentino, ondulando pelas paredes
Iluminando urgente na noite d’uma atônita lua minguante
Pássaros voando são sombras, qual voamos dentro de
nós
Já não me importa o que ficou para
trás na outra margem
Seguimos carregando todas histórias em nossos alforges
Caminhando à beira do mar revolto, que ruge dia e noite
Guardamos nos ouvidos os augúrios sobre nossa partida
Deixamos nossa face nos espelhos embaçados de
outrora
Transcendendo fizemos
do ontem, hoje. É hora de partir
Se o voo ruma
ao amanhã é tempo de desdobrar as
asas
Os perfumes da mobília antiga vão se perdendo
no vazio
Lá está a Via Láctea, onde apontam as nossas pálpebras
Milhares de pérolas tremeluzentes dependuradas no céu
Em cada esquina pode estar a morte, diz
um dito popular
Digo que além
das muralhas e dos mistérios, a revelação
Pode estar no pôr do sol, o entardecer aponta a
direção
E as centenas
de tons que se espalham do laranja ao lilás
São os mil caminhos da vida que se pode escolher trilhar
Tudo ressoa do amanhecer azul ao crepúsculo purpúreo
E aqui estamos de volta onde, do sonho, iniciou o poema
Entre milagres
cotidianos, seguir em busca dos alebrijes
(*)alebrijes - veja no comentario
*Alebrije é uma peça do artesanato mexicano que consiste em uma figura multicolorida representando animais imaginários.
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