quarta-feira, setembro 25

Púrpura

No meu sonho acendi uma fogueira púrpura de lembrança
O brilho das chamas, repentino, ondulando pelas paredes
Iluminando urgente na noite d’uma atônita lua minguante
Pássaros voando são sombras, qual voamos dentro de nós
Já não me importa o que ficou para trás na outra margem
Seguimos carregando todas histórias em nossos alforges
Caminhando à beira do mar revolto, que ruge dia e noite
Guardamos nos ouvidos os augúrios sobre nossa partida
Deixamos nossa face nos espelhos embaçados de outrora
Transcendendo fizemos do ontem, hoje. É hora de partir
Se o voo ruma ao amanhã é tempo de desdobrar as asas
Os perfumes da mobília antiga vão se perdendo no vazio
Lá está a Via Láctea, onde apontam as nossas pálpebras
Milhares de pérolas tremeluzentes dependuradas no céu
Em cada esquina pode estar a morte, diz um dito popular
Digo que além das muralhas e dos mistérios, a revelação
Pode estar no pôr do sol, o entardecer aponta a direção
E as centenas de tons que se espalham do laranja ao lilás
São os mil caminhos da vida que se pode escolher trilhar
Tudo ressoa do amanhecer azul ao crepúsculo purpúreo
E aqui estamos de volta onde, do sonho, iniciou o poema
Entre milagres cotidianos, seguir em busca dos alebrijes


(*)alebrijes - veja no comentario



Um comentário:

  1. *Alebrije é uma peça do artesanato mexicano que consiste em uma figura multicolorida representando animais imaginários.

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