quinta-feira, setembro 5

Sem respostas

Novamente é setembro trazendo a primavera
A chuva açoita as árvores que vejo na janela
Ouço o vento e seu discurso de monossílabos
As vozes d’antanho recitam versos triturados
Lá se vão os irremediáveis fantasmas da noite
Minha realidade se dilui em águas e sombras
 
A caneta sobre a mesa e as folhas em branco
São um convite irrecusável meio ao labirinto
O poema desafia as horas que vão levar o dia
E o clarão do luar desafia a incessante névoa
Chuva, névoa, tudo guarda um certo encanto
Apesar da nostalgia que fez o pássaro emigrar
 
O que afinal nos movia? Era busca aos frutos
Ou o salto, a queda, o voo a desafiar o vazio
Escolhemos as palavras e esquecemos os atos
A noite avança e traz suas fadas e duendes
Então me recordo do que parecia impossível
Um dia tu não voltaste, negando a felicidade
 
Poderia até me enganar, dizer que não te amei
Que a alegria que me vestia quando tu vinhas
Não era por ti, mas justo porque o sol brilhou
Negar a volúpia que sentia ao beijar tua boca
Que me despertava todo desejo e juventude
Mas como negar o que era claro como cristal
 
Quem éramos? Pela janela busco as respostas
Só vejo a chuva, com ela o silêncio e vertigem
E onde era sonho é o vazio de dias obliviados
Na tua ausência o amor se esvaiu qual outono
Ficou ao passar um labirinto de folhas caídas
A história não narrada e o poema não escrito

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