Sideral
Não importam a
penumbra, as sombras da noite, a escuridão
Estarás sempre
à minha vista por mais que eu me
negue a ver
Além das
imagens de quaisquer outras que eu tenha tocado
Ou dos amores que
eu tenha tido depois que tenhas partido
Pois que fomos
o relâmpago fugaz que antecede o estrondo
Um alaúde de
desconsolo que naufragou pela impertinência
Dos teus modos maliciosos e das tuas suspeitas
infundadas
E te tornaste a
tortura sufocante em minhas noites insones
No teu oceano
sem horizontes que dilacerou meus sentidos
Tuas ideias
incompreensíveis sobre a posse de meus poemas
Foram qual maldição
funesta a meu ser imperfeito, humano
Ainda assim, posso afirmar que eras apenas tu, sem desvios
E assim tu permanecerias
até os últimos dias de tempestade
O romance que desejei
fosse a história das mil e uma noites
Nascido numa primavera, mal avistou as fronteiras do verão
Desprezaste do meu sentimento visceral, universal, sideral
Para retribuíres
com o hálito sinistro dos negros
pesadelos
De desamor e loucura me alucino, morro e
renasço das cinzas
Com magia criei
o indecifrável, o poema abrigo de cada dia
De tons e sons
angelicais fiz da solidão a melhor
companhia
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